15 de junho de 2022

É hora das máscaras voltarem!

No mês de março de 2022, o uso de máscaras, inclusive em ambientes fechados, deixou de ser obrigatório. Como a melhora dos índices de casos, internações e óbitos por COVID-19, vislumbrou-se o fim da pandemia. Não há quem não queira este cenário, esperado ansiosamente há dois anos e meio. Mas precipitá-lo sem dados concretos pode ter efeito reverso, atrasando o fim da pandemia. De forma heterogênea, variando entre estados neste país continental que é o Brasil, vários critérios apontam para o aumento de risco de infecção nas últimas semanas.

Do ponto de vista epidemiológico, o número de casos por 100 mil habitantes aumentou muito, mesmo levando em conta a subnotificação gerada pelos autos testes e por pessoas que nem se testam mais frente a um quadro gripal. Capitais como Belo Horizonte, Curitiba, Brasília, Goiânia e Porto Alegre já estão em níveis de alto risco. Outras têm seus índices crescendo dia a dia, como São Paulo e Rio de Janeiro. Existem cidades pequenas com índices insustentáveis, como as paranaenses Jaguapitã, Santo do Paraíso e Congoinhas. Alguns opinam que a COVID-19 “não é mais a mesma’, e que a catástrofe dos óbitos e internamentos em UTI já passou. Realmente esperamos nunca mais passar por aquela situação. Mas os óbitos ainda ocorrem e tem impactado inclusive muitos municípios pequenos, entre eles Bastos, Fernão e São João de Iracema em São Paulo. Além do mais, hoje já sabemos que óbitos não podem ser o único critério para avaliarmos o impacto da pandemia, visto que mesmo infectados com doença leve podem ter efeitos da COVID a longo prazo. E se aceitamos que o vírus circule livre, porque não temos mais a catástrofe dos óbitos, estamos dando chance para que novas variantes surjam, e a catástrofe se repita.

Neste momento, dados da Fiocruz e da ONG Instituto Todos pela Saúde demonstram uma rápida mudança no perfil das variantes do coronavirus no Brasil, e as sub-linhagens BA.4/BA.5, reconhecidamente as mais infectantes de toda a pandemia, e que parecem não respeitar potencial imunidade gerada por infecção com variantes anteriores, já prevalecem em nosso território. Entre os grupos que correm risco estão as crianças. Naquelas entre 5 a 11 anos de idade, 63% não receberam a segunda dose e 38% não receberam sequer alguma dose de vacina para COVID. No Espirito Santo, entre abril e maio de 2022, metade dos internamentos por COVID em não vacinados ocorreram em menores de 4 anos de idade. É urgente uma nova campanha de incentivo à vacinação das crianças e aprovação de vacinas para os menores de 5 anos, mas enquanto isto não acontece, máscaras em ambientes fechados são a melhor solução para conter a transmissão e permitir a continuidade das aulas. Aqui é importante ressaltar que pedir a volta das máscaras em ambientes fechados não é uma atitude contra a retomada do emprego, do comércio e das aulas, nem significa estar “preso a pandemia”. Justamente o contrário, é para que possamos retomar as atividades com segurança e em definitivo, sem idas e voltas. Como se tudo isso não bastasse, o inverno chegou e outras viroses que também podem ser minimizadas com uso de máscara nos ameaçam. O conceito de Emergência de Saúde Pública está na Política Nacional de Vigilância em Saúde; “situação que demanda o emprego urgente de medidas de prevenção, controle e contenção de riscos, danos e agravos à saúde pública”. Cada estado e município deve avaliar seu grau de risco, e se for o caso seguir Belo Horizonte, Pelotas e o estado do Rio Grande do Norte, que corretamente decretaram novamente o uso de máscaras em escolas. Cada local terá que tomar sua decisão nos próximos dias, mas se iludem aqueles que acreditam que o “novo normal” será exatamente como queremos.

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