15 de março de 2022

Neandertais, COVID e Genética

Neandertais e Humanos tinham um ancestral comum há 800 mil anos atrás na Africa, e há 400 mil anos os Neandertais divergiram dos primatas que mais tarde deram origem aos humanos atuais. Neandertais migraram em direção a Europa e Asia, e lá viveram aparentemente isolados, até que há cerca de 40 mil anos foram extintos. Mas durante 20-30 mil anos eles habitaram partes da Europa e da Asia junto com Homo sapiens que saíram da África 80 mil anos atrás. E houve cruzamentos no Oriente Médio. Recentemente o genoma de fosseis de Neandertais encontrados na Croacia e Sibéria foram sequenciados, e demonstrou-se que destes cruzamentos entre Neandertais e Humanos, herdamos 2% do nosso material genético atual vindo dos Neandertais. Entre outros aspectos, este material genético tem influência na defesa do nosso organismo para infecções. Hoje sabemos que parte das pessoas que tem as formas graves de Covid e parte das que parecem ser mais resistentes, contem estas “pegadas genéticas” dos Neandertais em seus genomas Cientistas britânicos identificaram alguns dos fatores genéticos que tornam certas pessoas mais propensas a sofrer sintomas muito graves de COVID-19 do que outras, como parte de um grande estudo que pode ajudar no desenvolvimento de novos tratamentos para a doença.

E por que algumas pessoas têm formas mais graves de Covid-19? Lembram do Projeto Genoma Humano aonde milhares de pesquisadores do mundo todo demoraram 10 anos para sequenciar o Genoma de meia dúzia de pessoas? Pois um estudo feito com sequenciamento de 7,5 mil genomas de pacientes com Covid-19 que necessitaram de internação em UTI identificou ue ao menos 23 variantes genéticas significativamente predispõem uma pessoa a ter COVID grave.

Os genes identificados pela pesquisa estão ligados à capacidade do sistema imunológico de reconhecer patógenos estranhos (em especial a via metabólica do Interferon), juntamente com os mecanismos biológicos envolvidos na coagulação do sangue e na inflamação pulmonar – algumas das características da COVID-19 grave.

Ter ou não uma forma muito grave da COVID-19 é um processo multifatorial, aonde o componente genético é em torno de 5,7%. Do ponto de vista do hospedeiro pelo menos dois mecanismos distintos podem predispor a doença com risco de vida: falha no controle da replicação viral ou uma tendência aumentada para inflamação pulmonar e coagulação intravascular. Identificar os genes, seus produtos proteicos e vias metabólicas que atuam tem grande importância no conhecimento da doença e potencial de novas terapias. É a Genética ajudando a compreender a maior pandemia do século!

Não resta a menor dúvida de que o melhor remédio para a Covid longa, é, naturalmente, as vacinas. Quando infectados, indivíduos previamente vacinados parecem apresentar um menor risco de Covid longa que os não vacinados. Estudo do Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos comprovou que, além do risco da doença e de suas sequelas, quem teve Covid-19 e se curou, mas não se vacinou, teve risco cinco vezes maior de ter Covid-19 de novo do que quem nunca pegou o vírus, mas tomou duas doses das vacinas. Em uma eventual reinfecção, os não vacinados têm mais risco de hospitalização e morte do que os vacinados.

Além disso, populações com altas coberturas vacinais oferecem menores oportunidades ao vírus para acumular mutações e surgimento de novas variantes.

Por fim, eficácia da vacinação com três doses em previamente infectados é ainda maior.

 

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