25 de julho de 2023

VOCÊ CONHECE MÉDICOS ESPECIALISTAS EM GENÉTICA?

Em 15 de julho de 1986 foi fundada a Sociedade Brasileira de Genética Clínica, nome posteriormente modificado para Sociedade Brasileira de Genética Médica e Genômica. Nesta data anualmente celebramos o dia do Médico Geneticista. Existem 11 programas de Residência em Genética Médica desde 1977 (o primeiro foi na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto), e concursos para título de especialista há 30 anos. Apesar deste histórico a Genética Médica é a especialidade menos numerosa entre todas no Brasil, com apenas 400 especialistas, ou seja, um para cada 525 mil habitantes. Somos poucos e mal distribuídos, a maioria dos especialistas atuam em capitais, especialmente no Sul e no Sudeste do Brasil, de modo que mais de 99% dos municípios brasileiros não contam com um único Médico Geneticista. Uma das consequências diretas desta distorção histórica, é a falta de acesso ao Aconselhamento Genético para parcela importante da população brasileira. O Aconselhamento Genético contempla acesso a medidas de prevenção primária, com baixo custo e de grande impacto na saúde pública. Isto que lidamos com situações extremamente complexas, como doenças graves, dificuldades para ter filhos, predisposição hereditária ao câncer. Estima-se que cerca de 12 milhões de brasileiros tenham uma doença rara, a maioria delas de causa genética e esses pacientes tem que ter um acompanhamento ao longo da vida para prevenir complicações. O médico treinado para isto é o Geneticista, que pode ser considerado um Clínico Geral das doenças raras. Só as anomalias congênitas, que representam apenas uma parte do atendimento de um Médico Geneticista, são a segunda maior causa de mortalidade infantil no Brasil. De acordo com o IBGE cerca de 9% dos brasileiros possuem algum tipo de deficiência, muitas de causa genética, atendidas pelos poucos Médicos Geneticistas brasileiros. Difícil calcular quanto o Estado brasileiro poderia economizar com o fim de verdadeiras “odisseias” de pacientes à procura de um diagnóstico, se houvesse um estímulo maior para que mais especialistas em Genética Médica fossem formados. A oferta da disciplina de genética médica na etapa final do curso de graduação em Medicina, a abertura de vagas em concursos públicos e o aumento da quantidade e qualidade do número de Serviços de Referência em Doenças Raras seria um estímulo para que mais jovens estudantes de Medicina se interessassem por esta especialidade. Atrativos científicos e acadêmicos para um jovem médico se especializar em genética não faltam, visto ser difícil apontar uma especialidade que mais ampliou sua utilidade na prática da Medicina nas últimas décadas. Um dos grandes problemas dos gestores de saúde é a judicialização para acesso a atendimentos e tratamentos de doenças raras. Se o número de Médicos Geneticistas fosse maior, certamente estes tratamentos seriam oferecidos com mais precisão e apenas para quem realmente pode se beneficiar deles. Uma demanda maior de assessoria feita por Médicos Geneticistas ao Ministério da Saúde facilitaria a solução destas questões que são de interesse da saúde pública. O mundo caminha para uma Medicina personalizada e de precisão, e o Médico Geneticista tem papel fundamental neste cenário. Infelizmente o Brasil não tem dado a devida importância a especialidade de Genética Médica, uma atividade de baixo custo e altíssima eficiência na prevenção de doenças, redução da morbidade e mortalidade. Sem um amplo programa de incentivo governamental com o intuito de aumentar as vagas para esta residência médica e ampliação do mercado de trabalho, continuaremos sendo poucos. Perdem o Brasil, a medicina brasileira e principalmente o cidadão mais vulnerável. Conhecer e valorizar o Médico Geneticista é viver mais e com qualidade!

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