13 de agosto de 2022 A Poliomielite pode voltar ao Brasil! A poliomielite é uma doença altamente transmissível causada pelo poliovírus. Na maioria das vezes ela se manifesta de forma leve, como um resfriado, porem uma em cada duzentas pessoas que se infecta desenvolve paralisia irreversível, geralmente das pernas. Cinco a dez porcento das pessoas com paralisia por Pólio morrem em consequência da paralisia dos músculos usados na respiração. O vírus é transmitido de pessoa a pessoa principalmente pela via fecal-oral, menos frequentemente por água ou alimentos contaminados, e se multiplica no intestino. Afeta principalmente crianças menores de 5 anos de idade, porém pessoas de qualquer idade que não estejam vacinadas podem se infectar. A vacinação para Pólio no Brasil ganhou grande impulso em 1973 graças ao Programa Nacional de Imunizações. A partir de 1980, com os “Dias Nacionais de Vacinação” e a adesão da população às campanhas, não há casos de paralisia por poliovírus selvagem no Brasil desde 1989. A Pólio permanece endêmica só no Afeganistão e Paquistão e apenas cinco casos de Pólio selvagem foram diagnosticados no mundo em 2021. Porem em 2022 já foram diagnosticados fora da zona endêmica casos de paralisia por Pólio selvagem (Moçambique e Malawi) e Pólio pós-vacinal (EUA e Israel). O achado de um caso grave implica na presença de vários outros sem sintomas, e alerta para a circulação do virus. No Brasil (e em vários países) ainda existem duas vacinas diferentes para a imunização da Pólio que são oferecidas pelo SUS, a de vírus inativado e a de vírus atenuado. A inativada deve ser aplicada nas crianças aos 2, 4 e 6 meses de idade. Já o reforço da proteção contra a doença é feito com a vacina atenuada, aquela administrada em gotas por via oral entre os 15 e 18 meses e depois, mais uma vez, aos 4 anos. Estes casos recentes tem sido atribuídos a mutações no vírus atenuado contido na vacina oral para Pólio, o que pode ocorrer em uma a cada 2,4 milhões de doses aplicadas. Mas mesmo nestes casos bem raros, a paralisia só ocorre em pessoas não vacinadas, de modo que quem respeitou o calendário completo de vacinação e fez as três doses com a vacina inativada no primeiro ano de vida, ou mesmo quem se vacinou posteriormente, está absolutamente seguro de receber a gotinha com o vírus atenuado, sem qualquer risco da paralisia. Se por um lado há a necessidade de migração total para a vacina inativada, visto que esta não gera riscos de transmissão do vírus na comunidade, independentemente do tipo de vacina ofertada há um grande risco da Pólio ser reintroduzida no Brasil, visto que não cumprimos, desde 2016, a meta de 95% do público-alvo vacinado, patamar necessário para que a população seja considerada protegida contra a doença. Segundo o DataSus, em menores de um ano de idade a cobertura foi de 98,3% em 2015 caindo drasticamente para 69,9% em 2021 e inaceitáveis 47,7% em 2022! Ou seja, mais da metade das crianças brasileiras menores de um ano de idade, e muitos menores de 5 anos estão em risco de ter poliomielite! Vários fatores influenciaram esta queda de cobertura vacinal, entre eles a falsa percepção de que a Pólio nunca mais voltará, a dificuldade dos pais que querem vacinar seus filhos encontrarem postos de saúde abertos fora do horário de trabalho, e mais recentemente o isolamento e a diminuição de consultas pediátricas gerados pela pandemia de COVID e o impacto das fake news sobre vacinação. A Pólio foi eliminada do Brasil, mas não extinta. É inadmissível que ocorram casos de paralisia irreversível e mortes por doenças que são facilmente imunopreveníveis. Pólio não tem cura, mas tem prevenção simples e gratuita, pela vacina. O país precisa durgentemente de uma ação pública forte para retomar a cobertura vacinal mínima desejada. Proteja seu filho menor de 5 anos hoje! Search for: Search Categorias Aconselhamento Genético Ancestralidade COVID-19 Doenças Raras Exames Genéticos Genética das Doenças Infecciosas Outros assuntos Sem categoria