29 de janeiro de 2022

Qual a melhor vacina para COVID-19 em crianças?

Antes de responder à pergunta do título, é preciso responder uma mais importante; é realmente necessário vacinar as crianças brasileiras para COVID-19? A resposta é um retumbante “sim”. O fato de que COVID-19 afeta mais os adultos e o olhar supervalorizado para dados do exterior tem obscurecido o impacto sobre nossas crianças. Dados do Ministério da Saúde, compilados rigorosamente pelo infectologista pediátrico Dr. Marco Aurelio Safadi, demonstram que morreram no Brasil mais crianças por COVID-19 do que por qualquer outra doença infecciosa passível de prevenção por vacinas. Até 2021 trinta e quatro mil menores de 19 anos de idade foram hospitalizados com síndrome respiratória aguda grave pela COVID-19. Destes, dois mil e seiscentos foram a óbito, implicando em uma letalidade entre crianças hospitalizadas de 7,2%, cerca de dez vezes maior que nos EUA (0,5-1%). Na faixa da vacinação recém-autorizada, 5 a 11 anos, estão 20% destas hospitalizações e 14% das mortes. Ao contrário do que se desinforma, entre as que foram a óbito 40% não tinham comorbidades. Uma complicação da COVID-19 em crianças, a Síndrome Inflamatória Multisistêmica Pediátrica, prevenível por vacinação, ocorre em uma a cada quatro mil crianças infectadas, tem letalidade de 6% no Brasil e metade das mortes ocorreu justamente no grupo entre 5 a 11 anos de idade. Ainda não temos dados confiáveis sobre as complicações a longo prazo da COVID-19 em crianças (COVID Longa), mas no exterior estima-se que a cada dez crianças infectadas por variantes pré-Omicron, uma desenvolveu COVID longa. Importante ressaltar que crianças se infectam pelo SARS-CoV-2 com frequência igual ou até superior a adultos, e mesmo que o risco da ocorrência de COVID longa associada à Omicron seja menor, o exponencial número de crianças infectadas pela Omicron no Brasil antecipa um grande contingente de crianças brasileiras convivendo com as consequências da COVID longa.

Além de todos estes riscos a serem minimizados, as aulas estão recomeçando e seria importante que crianças estivessem protegidas, diminuindo o absenteísmo escolar, reduzindo o risco de transmissão aos seus colegas, professores, funcionários e familiares. Pfizer ou Coronavac? Os resultados da Pfizer são mais transparentes, publicados em revistas científicas renomadas. Mais de 8 milhões de doses da Pfizer já foram administradas “no mundo real” nos EUA. Destes, apenas 0,05% reportaram reações adversas, sendo 98% leves; houve identificação de aproximadamente apenas um caso de miocardite para cada milhão de doses administradas, e todos tiveram evolução clínica favorável. Já no que se refere à Coronavac, dados de segurança em crianças acima de 5 anos vêm da experiência de mundo real de dois países; dezenas de milhões de doses administradas na China, que apontam que quando há efeitos adversos, 98,5% foram considerados não sérios. Já no Chile, dados de vigilância após mais de 3 milhões de doses administradas em crianças, mostram notificação de efeitos adversos em apenas 0,01% das doses administradas, sendo que 88% foram considerados não graves. Dados de Fase 4 do Chile, ainda com variante Gama e Delta prevalecendo, demonstram taxas de incidências 74% menores de infecção sintomática e 90% menores de hospitalização por COVID-19 em crianças vacinadas com duas doses em comparação com populações não vacinadas. Coronavac ainda não pode ser aplicada em crianças brasileiras imunodeprimidas, não por risco de segurança, mas por falta de dados neste momento.

Uma dica final: O mais importante é vacinar seu filho já e com a que estiver disponível primeiro! Ambas as vacinas são seguras e eficazes! É gratuito, acessível e eles tem o direito de receber o mesmo benefício que nós adultos tivemos!

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